CPMI dos Atos Golpistas. Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Em uma sessão tumultuada, a Comissão Parlamentar Mista Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas decidiu agrupar em três requerimentos os 285
que foram protocolados na última semana para agilizar os processos de análise. Um deles, focado em consolidar
requerimentos da oposição, foi rejeitado em votação nominal pelo colegiado e se tornou o maior ponto de disputa da terceira audiência da Comissão.
O primeiro dos requerimentos, o 920, aprovou a totalidade dos pedidos da relatora
Eliziane Gama (PSD-MA) por parte dos parlamentares. O 921, que apresenta requerimentos da oposição, não teve seus méritos aprovados. O 922, que compila de forma abrangente 181 pedidos de documentos e informações, tanto do governo quanto da oposição, foi aprovado.
O motivo para o governo rejeitar o 921 foi a inclusão de requerimentos considerados com "o objetivo de inverter a lógica da CPMI", conforme a deputada
Jandira Feghali (PCdoB-RJ). A oposição requisitou a apresentação de imagens dos circuitos de câmara do Ministério da Justiça, do Supremo Tribunal Federal e do Itamaraty, bem como os planos de voo do presidente Lula, que realizou uma viagem ao município de Araraquara, que teve problemas de enchente, no dia 8 de janeiro. A oposição também pede informações do Ministério dos Direitos Humanos.
O governo frisou, por meio de diversos congressistas, que a oposição procurou criar distrações ao trazer para a investigação um enfoque excessivo ao dia 8 de janeiro e de elementos sem relação direta com o processo que culminou no dia 8 de janeiro. Especialmente, em pontos que não acrescentariam e apenas atrapalhariam um inquérito sério, segundo parlamentares da base do governo.
O objetivo da oposição seria trazer holofotes para a figura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ministro da Justiça, Flávio Dino, e principalmente o ex-general do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias. Já a oposição afirmou que os governistas se isentaram do compromisso de buscar a verdade na CPMI ao rejeitar os requerimentos. O deputado
Marco Feliciano (PL-SP) acusou o governo de "sequestrar a CPMI".
Ainda assim, o governo aprovou 19 requerimentos do senador
Eduardo Girão (NOVO-CE), 15 requerimentos do
Delegado Ramagem (PL-RJ), quatro do deputado Marco Feliciano (PL-SP), quatro de
Nikolas Ferreira (PL-MG); três do senador
Marcos do Val (PODE-ES) e outros dos senadores
Izalci Lucas (PSDB-DF) e
Damares Alves (REP-DF) e do deputado
Eduardo Bolsonaro (PL-SP).