Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
RELAÇÕES EXTERIORES
Congresso em Foco
16/4/2025 9:58
O governo dos Estados Unidos emitiu um visto à deputada Erika Hilton (Psol-SP) identificando-a como do sexo masculino, contrariando sua identidade de gênero e a documentação oficial brasileira. A parlamentar, que é uma das duas primeiras mulheres trans eleitas à Câmara dos Deputados, classificou a medida como transfobia de Estado e decidiu não participar da missão oficial que cumpriria no país.
O documento foi emitido no dia 3 de abril, às vésperas da Brazil Conference at Harvard & MIT, para a qual Erika havia sido convidada. Embora um visto semelhante tenha sido concedido em 2023 com a designação correta de gênero, desta vez a equipe da deputada enfrentou dificuldades desde o início do processo, sob novas diretrizes impostas pela administração de Donald Trump.
Apesar de a viagem ter sido autorizada pela Câmara e o visto posteriormente validado como missão oficial, a designação incorreta de gênero levou Erika a recusar o uso do documento. Segundo a deputada, o erro configura desrespeito à sua identidade e ao Estado brasileiro, já que viola registros civis reconhecidos por lei.
A parlamentar também comentou o caso em seu perfil no Instagram. Na mensagem, diz não se surpreender com "nível do ódio e a fixação dessa gente com pessoas trans" e lembra que o visto contraria os documentos oficiais brasileiros. "O que me preocupa é um país estar ignorando documentos oficiais acerca da existência dos próprios cidadãos, e alterando-os conforme a narrativa e os desejos de retirada de direitos do Presidente da vez", diz.
Leia abaixo a íntegra da mensagem de Erika Hilton na rede social:
"Sim, é verdade. Fui classificada como do sexo masculino pelo governo dos EUA quando fui tirar meu visto para ir à Brazil Conference, na Universidade de Harvard e no MIT.
Não me surpreende. Isso já está acontecendo nos documentos de pessoas trans dos EUA faz algumas semanas.
Não me surpreende também o nível do ódio e a fixação dessa gente com pessoas trans. Afinal, os documentos que apresentei são retificados, e sou registrada como mulher inclusive na certidão de nascimento.
Ou seja, estão ignorando documentos oficiais de outras nações soberanas, até mesmo de uma representante diplomática, para ir atrás de descobrir se a pessoa, em algum momento, teve um registro diferente.
Mas, no fim do dia, sou uma cidadã brasileira, e tenho meus direitos garantidos e minha existência respeitada pela nossa própria constituição, legislação e jurisprudência.
E, se a embaixada dos EUA tem algo a falar sobre mim, que falem baixo, dentro do prédio deles. Cercado, de todos os lados, pelo nosso Estado Democrático de Direito.
O que me preocupa é um país estar ignorando documentos oficiais acerca da existência dos próprios cidadãos, e alterando-os conforme a narrativa e os desejos de retirada de direitos do Presidente da vez.
Porque isso não vai parar em nós ou atingir apenas as pessoas trans, a lista de alvos dessa gente é imensa.
Ela já estava sendo escrita quando o primeiro escravizado foi liberto, quando a primeira mulher votou, quando os trabalhadores exigiram o primeiro aumento de salário, quando os indígenas reivindicaram o direito ao próprio território, quando um latino tentou ter de volta um pouco do que lhe foi roubado.
E essa lista de alvos continua crescendo, e faz parte de uma agenda política de ódio global, que também não para nos EUA.
Mas, aqui no Brasil, é uma agenda política de ódio que já derrotamos uma vez. E derrotaremos quantas vezes forem necessárias."
EX-MINISTRO DE DILMA
Quem é Antonio Carlos Rodrigues, o deputado do PL contrário à anistia
CUIDADOS COM OS PETS
Lula lança SinPatinhas e institui o RG Animal para cães e gatos