Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
Segurança
Congresso em Foco
14/3/2025 12:25h
O Ministério da Justiça anunciou na noite de quinta-feira (13) a conclusão do texto inicial da PEC da Segurança Pública, elaborada em parceria entre a União e governadores ao longo do ano passado. A proposta, que busca integrar as forças de segurança dos três níveis da federação no enfrentamento ao crime organizado, será agora submetida à análise do Congresso.
A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou na cerimônia de anúncio que tentará assegurar o equilíbrio de forças na comissão especial que ficará encarregada de avançar com a discussão na Câmara.
"Vamos fazer uma reunião com os líderes da base, junto com os presidentes da Casa, para apresentá-la e avaliar o melhor momento de enviar a PEC formalmente. Acho que não vai ter problema quanto a isso, vários líderes têm cobrado do governo posicionamentos nesse sentido, envio de propostas, querem fazer o debate da segurança pública. Penso que teremos um clima propício a isso. Claro que a gente tem que ter uma comissão da PEC equilibrada, gente com responsabilidade, para fazer a discussão do projeto", disse Gleisi.
A garantia desse equilíbrio é vital para a PEC avançar na Câmara dos Deputados, onde a Frente Parlamentar da Segurança Pública, geralmente contrária a propostas que concentrem competências de segurança na União, ocupa 254 entre as 513 cadeiras do Plenário. O governo ainda vai decidir se apresentará o texto primeiro à Câmara ou ao Senado.
Mudanças da PEC
O texto altera a Constituição em pontos estratégicos para a segurança pública. Uma das principais mudanças é a formalização do Sistema Único de Segurança Pública (Susp), que já existe por lei ordinária, mas passaria a ter status constitucional, tal como ocorre com o Sistema Único de Saúde. Com isso, o governo espera padronizar e integrar as operações de enfrentamento ao crime organizado.
A proposta também prevê a inclusão do Fundo Nacional de Segurança Pública e do Fundo Penitenciário na Constituição. Ao torná-los constitucionais, o governo busca evitar cortes ao financiamento das forças de segurança.
Outra mudança significativa envolve a ampliação das atribuições da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, que passaria a se chamar Polícia Viária Federal. O novo formato ampliaria o patrulhamento ostensivo para além das rodovias, incluindo ferrovias e hidrovias federais. O governo justifica essa alteração como uma forma de fortalecer o combate a crimes que envolvem transporte de cargas ilegais e tráfico de drogas.
A PEC também regulamenta as guardas municipais, consolidando entendimento recente do Supremo Tribunal Federal. Segundo o texto, essas corporações terão competência para atuar no policiamento urbano, ostensivo e comunitário. Além disso, a proposta determina que as guardas ficarão sob o controle externo do Ministério Público, equiparando-se às demais forças policiais do país.
"Essa PEC pretende, em linhas gerais, criar um SUS da Segurança Pública, ou seja, o Sistema Único da Segurança Pública que estará na Constituição da República Federativa do Brasil, com recursos próprios e integrando todas as forças policiais do Brasil para combater a criminalidade organizada", sintetizou o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.
Resistência da oposição
A proposta elaborada em conjunto com governadores ao longo do último ano enfrenta resistência da Frente Parlamentar da Segurança Pública, composta majoritariamente por oposicionistas. O grupo defende um modelo descentralizado de gestão da segurança.
No final de 2024, a Câmara dos Deputados chegou a aprovar um projeto diametralmente oposto à proposta do governo. De autoria dos deputados Alberto Fraga (PL-DF), presidente da frente da segurança e Alfredo Gaspar (União-AL), ex-secretário de Justiça de Alagoas, o projeto de lei 4120/2024 delega parte das competências da União na área de segurança pública a um conselho formado por representantes dos três níveis da federação.
O bloco vê a PEC como uma ameaça à autonomia dos estados na condução da segurança pública. Já o governo argumenta que a padronização das políticas de segurança e a garantia de recursos próprios são essenciais para enfrentar o crime organizado. A posição é compartilhada pelos governadores de oposição, em especial o de Goiás, Ronaldo Caiado, defensor histórico do aumento da autonomia dos estados nessa questão, aos moldes do modelo adotado nos Estados Unidos.
Tags
Temas
LEIA MAIS
TRANSFERÊNCIA TEMPORÁRIA
Duda Salabert propõe mudança de capital para Belém durante a COP30
AVALIAÇÃO DO GOVERNO
Sobras eleitorais
STF decide sobre sobras eleitorais e sete deputados perdem mandato
BATE-BOCA NAS REDES
AVALIAÇÃO DO GOVERNO