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MULHERES
Congresso em Foco
13/3/2025 | Atualizado às 16:09h
A declaração do presidente Lula de que escolheu uma "mulher bonita" para facilitar a articulação política com o Congresso caiu mal, inclusive entre seus aliados e lideranças ligadas à causa feminista. Esta não é a primeira vez que falas de Lula são criticadas por serem consideradas machistas, especialmente devido à contradição com as políticas de inclusão social, bandeiras de seu governo. Da mesma forma, não é novidade um presidente da República ser acusado de discriminar mulheres. Jair Bolsonaro protagonizou, desde quando era deputado, vários episódios que geraram repúdio.
O Congresso em Foco resgata cinco falas de Lula e outras cinco de Bolsonaro, mostrando que o machismo no Brasil transcende diferenças ideológicas, ocorrendo tanto na esquerda quanto na direita. Relembre no vídeo as declarações deles e, mais abaixo, veja o contexto de cada uma delas.
Machismo estrutural
Para a socióloga Gisele Agnelli, fundadora do movimento #VoteNelas, que trabalha pela inclusão de mulheres na política, a declaração de Lula sobre Gleisi confirma que o machismo é estrutural na sociedade e atinge tanto a direita quanto a esquerda.
"O machismo em nível individual entre Lula e Bolsonaro é o mesmo, é o machismo estrutural. No entanto, há diferenças brutais em termos de políticas públicas. Neste quesito, não há comparação entre um e outro", diz Gisele, que também é colunista do Congresso em Foco.
A socióloga cita as duas indicações de mulheres feitas por Lula para tribunais superiores, a criação de um Ministério da Mulher, com destinação de orçamento para ações de combate à violência doméstica, como exemplos positivos da ação do atual governo.
Na visão dela, Lula precisa evoluir em relação ao discurso sobre a igualdade de gênero. "O mais chocante é que ele é de um partido progressista. Essas bobagens não deveriam vir da boca dele. Bolsonaro é um machista declarado e tem orgulho disso. Esperamos que o presidente estude mais o assunto", afirmou.
Relembre o contexto de cada fala:
Lula
Mulher bonita
Nessa quarta-feira (12), Lula se referiu à beleza de Gleisi Hoffmann ao falar de sua escolha como ministra das Relações Institucionais.
"O que a gente quer é facilitar que vocês tenham acesso ao crédito. Acho muito importante trazer aqui o presidente da Câmara e do Senado, porque uma coisa que eu quero mudar, estabelecer a relação com vocês, por isso eu coloquei essa mulher bonita para ser ministra das Relações Institucionais, é que eu não quero mais ter distância de vocês", afirmou Lula durante a assinatura da medida provisória que institui a linha de empréstimo consignado chamada Crédito do Trabalhador.
Amante da democracia
No último dia 8 de janeiro, em cerimônia sobre os dois anos dos atos golpistas, Lula disse que os maridos costumam ser mais apaixonados pelas amantes do que pelas esposas.
"Não sou nem marido, eu sou um amante da democracia. Porque a maioria das vezes os amantes são mais apaixonados pela amante do que pelas mulheres. Eu sou um amante da democracia", disse Lula, a poucos metros de sua esposa, Janja da Silva, que acompanhava a solenidade.
"Corintiano, tudo bem"
Em 17 de julho de 2024, Lula classificou como inacreditável o resultado de uma pesquisa que mostrava o aumento da violência contra a mulher após jogos de futebol. A emenda à fala, no entanto, repercutiu negativamente.
"Hoje, eu fiquei sabendo de uma notícia triste, eu fiquei sabendo que tem pesquisa, Haddad, que mostra que depois de jogo de futebol, aumenta a violência contra a mulher. Inacreditável. Se o cara é corinthiano, tudo bem. Mas eu não fico nervoso quando perco, eu lamento profundamente. Então, eu queria dar os parabéns às mulheres que estão aqui", disse o presidente.
Fechar a porteira
Em 10 de maio do ano passado, Lula contou durante um ato em Maceió que perguntou a uma mulher com cinco filhos contemplada pelo programa Minha Casa, Minha Vida quando ela iria "fechar a porteira".
"Quando eu entrego a chave para uma pessoa, aquela menina que tem um monte de filho, ela tem cinco filhos. Eu falei: companheira, quando é que vai fechar a porteira, companheira? Não pode mais ter filhos, ela tem 27 anos de idade", discursou.
Vá bater em outro lugar
Em 22 de agosto de 2022, em ato de campanha eleitoral, Lula deu uma declaração polêmica ao falar sobre violência contra mulher.
"Nós fizemos a Lei Maria da Penha. E eu dizia mão de homem foi feita para trabalhar, para fazer carinho na pessoa que ele ama e nos seus filhos. Mão de homem não foi feita para bater em mulher. Quer bater em mulher? Vá bater noutro lugar, mas não dentro da sua casa ou no Brasil porque nós não podemos mais aceitar isso", disse ele em discurso.
Jair Bolsonaro
O ex-presidente tem um longo histórico de declarações e atos ofensivos contra mulheres. Uma lista que começa ainda na Câmara e se estende aos dias atuais. Bolsonaro já foi condenado na Justiça por causa de ofensas proferidas contra mulheres, como a deputada Maria do Rosário (PT-RS) e a jornalista Patrícia Campos Mello. Além disso, seu governo foi acusado por movimentos feministas de esvaziar o combate à violência de gênero e políticas de igualdade.
"Incomível"
Na semana passada, Bolsonaro comentou com amigos, em vídeo divulgado nas redes sociais de seu filho Jair Renan, que as mulheres petistas são "feias" e incomíveis.
"Você pode ver, não tem mulher bonita petista, só tem feia. Às vezes acontece... Eu estou no aeroporto, alguém me xinga, mulher né Eu olho para a cara dela, e nossa mãe Incomível", disse às gargalhadas, em Angra dos Reis (RJ).
"Dar o furo"
Em outubro de 2023, o ex-presidente foi condenado em definitivo a pagar uma indenização no valor de R$ 50 mil por dano coletivo por dizer, em tom de galhofa, que a jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo, queria "dar o furo".
"Ela queria um furo. Ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim", afirmou a apoiadores.
No jargão jornalístico, furo é um termo usado para designar informação exclusiva. O tom empregado pelo então presidente em seu comentário, no entanto, foi considerado pela Justiça como insinuação sexual. Patrícia conta que recebeu "uma avalanche de ameaças" após o episódio. A jornalista fez uma reportagem em que detalhava um esquema de disseminação de notícias falsas em favor de Bolsonaro.
Fraquejada
Em 2017, durante palestra no Rio de Janeiro, em 2017, o então deputado classificou como fraquejada ser pai de uma mulher.
"Eu tenho cinco filhos. Foram quatro homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher".
Estupro
Em dezembro de 2014, Bolsonaro atacou em plenário a deputada Maria do Rosário. O episódio também rendeu condenação na Justiça ao ex-presidente. A deputada gaúcha havia feito um discurso defendendo que os torturadores da ditadura militar fossem responsabilizados.
Bolsonaro, então, dirigiu-se de maneira agressiva a ela: "Não saia, não, Maria do Rosário, fique aí. Há poucos dias, você me chamou de estuprador no Salão Verde e eu falei que eu não estuprava você porque você não merece. Fique aqui para ouvir".
"Te dou outra"
Esse caso remete a outra discussão entre Bolsonaro e Maria do Rosário em 2003. Diante das câmeras da RedeTV, o então deputado atacou a colega e ameaçou agredi-la fisicamente.
"Jamais estupraria você por que você não merece, declarou Bolsonaro. É bom que não, porque senão eu lhe dou uma bofetada, respondeu Rosário. Dá que eu te dou outra. Dá que eu te dou outra. Você me chamou de estuprador. Você não tem moral. Vagabunda", disse, empurrando a colega.
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