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BANCADA EVANGÉLICA
Congresso em Foco
07/03/2025 | Atualizado às 12h25
O professor de Antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Rodrigo Toniol contestou em artigo na Folha de S.Paulo, nesta sexta-feira (7), a descrição do deputado Gilberto Nascimento (PSD-SP), novo presidente da Frente Parlamentar Evangélica (FPE), como bolsonarista. Toniol recorreu ao Radar do Congresso, ferramenta de monitoramento legislativo do Congresso em Foco, para comparar o grau de alinhamento do deputado paulista com o governo ao de seu principal oponente, Otoni de Paula (MDB-RJ), considerado aliado do presidente Lula. Os dois parlamentares refutram o rótulo de bolsonarista e governista ao longo de suas campanhas.
O antropólogo destacou que os índices de governismo dos dois deputados são próximos. Desenvolvido pelo Radar do Congresso, o indicador é baseado no cruzamento entre o voto do parlamentar e a orientação do líder do governo em cada votação nominal em plenário.
"Os índices de governismo dos deputados que disputaram a presidência da FPE são próximos. O novo presidente, Gilberto Nascimento (PSD-SP), acompanhou a orientação do líder do governo Lula na Câmara em 63% de suas votações, segundo dados do Radar do Congresso. Já seu adversário na disputa pela presidência da FPE, Otoni de Paula (MDB-RJ), descrito como aliado do presidente Lula, acompanhou o governo em 65% de seus votos", ponderou o antropólogo.
Os índices de governismo deles foi destacado em reportagem do Congresso em Foco no último dia 24.
Simplificação
Membro da Academia Brasileira de Ciência, Toniol critica a "simplificação equivocada" utilizada por parte da imprensa, segundo ele, na cobertura da bancada evangélica, retratada como se fosse um bloco monolítico e anti-governo. A realidade, ressalta, é mais complexa.
Para ele, é preciso observar que Gilberto, apesar de ter sido aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, possui extensa experiência política, com quatro mandatos como deputado federal, dois como estadual e três como vereador. O professor ressalta que o seu índice de governismo é próximo ao do deputado Glauber Braga (RJ), do Psol, partido que integra a base governista.
Experiência política
Na visão de Toniol, a eleição de Gilberto Nascimento representa uma aposta na experiência política e na capacidade de negociação, não necessariamente um alinhamento ideológico com o bolsonarismo.
"As notícias sobre sua eleição para a presidência da FPE enfatizaram sua relação com Bolsonaro. Isso pode ter deixado para trás um dos principais fatos que cercaram a disputa pelo cargo e seu resultado", considerou. "Os deputados e senadores da Frente Parlamentar Evangélica elegeram um político tradicional, experiente e que, na maior parte das votações, não tem se colocado como antagonista do presidente Lula. Foi um voto no decano da FPE, uma aposta em quem sabe fazer política", acrescentou.
Ainda no artigo, o antropólogo defende uma interpretação mais sofisticada a respeito da "bancada da bíblia", que é uma das mais numerosas do Congresso. "Enquanto as interpretações sobre a presença e atuação de evangélicos na política seguirem refletindo a fantasia do 'evangelistão', os fantasmas de quem tem medo dos evangélicos terão mais espaço do que as análises das nuances da atuação política desse grupo", concluiu.
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