Alunos saindo de escola na Estrutural, no Distrito Federal Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
A maior novidade do Censo escolar de 2021 é trágica: as escolas brasileiras bateram o recorde mundial de dias sem aulas nas escolas. O futuro nos dirá o preço dessa opção que o Brasil fez de manter as escolas fechadas. Resta esperar que as escolas reabram e se mantenham abertas normalmente em 2022.
Uma informação interessante: mais de 70% das escolas das redes estaduais, federal e privada adotaram aulas em tempo real pela internet, tv ou radio, mas nas redes municipais esse percentual cai para 31,9%. Nas redes municipais, 50% disponibilizaram aulas em vídeo para os alunos. Apesar do gigantesco esforço e da disponibilidade de aulas e recursos diversos, na prática o envolvimento dos alunos foi bastante limitado: poucos dias por semana e poucas horas por dia.
Mesmo nos países mais desenvolvidos, onde o acesso à tecnologia não é uma barreira para a maioria dos alunos, a falta de aulas presencial fez falta. Nenhum país domina efetivamente o ensino à distância para essas faixas etárias - muito menos existe certeza de que esta é uma opção efetiva. Parece que não.
O Censo traz mais algumas informações relevantes para o debate sobre as perspectivas futuras da educação pública. Uma delas se refere à defasagem escolar: apesar de uma taxa de aprovação de praticamente 100% dos alunos em 2021, o nível de defasagem escolar ainda continua muito elevado, o que significa que um contingente expressivo de alunos acumula mais de uma reprovação.
Outra informação interessante se refere ao declínio das matrículas no ensino fundamental. Esse declínio em parte reflete a redução da taxa de nascimento ainda em curso. Mas ele se deu quase que totalmente nas redes privadas. Ou seja: mais de meio milhão de alunos migrou da rede privada para a rede pública. Mas como houve perdas na rede pública, o número total de alunos permanece o mesmo.
Resta ver como os sistemas escolares vão receber os alunos nesta entrada de ano. Pelo que se noticia, não há uma unanimidade nacional - muitos municípios sequer decidiram se vão reabrir - e pouco se ouve falar de iniciativas para diagnosticar os conhecimentos dos alunos e traçar estratégias adequadas para recuperar o tempo perdido.
Em 2023, deverá haver nova rodada da Prova Brasil. Os municípios têm dois anos para se preparar. Este será o grande momento para avaliar o impacto da ação dos prefeitos. Os resultados sairão bem na altura das eleições. O que passou, passou. A hora de agir é agora.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].