Um guia para você não correr o risco de passar vergonha quando falar sobre a Reforma Administrativa
A
Proposta de Emenda à Constituição nº32/2020, conhecida como
reforma administrativa, está sendo discutida e em breve será votada no Congresso Nacional. Enquanto isso, tenho escutado diversos mitos sobre o assunto. Para evitar que você não cometa o mesmo erro dos especialistas e oportunistas de plantão, fiz este guia para explicar pontos importantes da PEC e como ela vai influenciar - caso aprovada - na vida de todos os brasileiros.
Modernização do Estado
A PEC 32 não trata de melhorias das repartições públicas, não trata de nivelamento do conhecimento dos servidores, não trata de desenvolvimento e melhorias de sistemas, não fala de gestão e muito menos sobre desburocratização.
Outro dia, li um artigo de um especialista em
relações governamentais da área de tecnologia que meu deu medo. A ânsia pelo posicionamento favorável ao governo, além de imoral, é um atentado ao bom senso, tendo em vista que precisamos esclarecer e não usar uma reforma que pode causar danos ao país como alavanca política. O debate com diferentes pontos de vista é necessário, mas a transparência também.
A
reforma administrativa não trata em absoluto a questão da modernização do Estado. A questão é basicamente financeira, mas não possui apresentação de cálculo. Quem diz que essa PEC vai modernizar o país não está bem da cabeça ou sequer leu o Projeto.
Fim da burocracia
Se você acha que a proposta prevê melhorar o desempenho, agilizar atendimentos e reduzir processos morosos, você está enganado. Não existe sequer uma linha do projeto tratando de desburocratização efetiva.
O Estado precisa melhorar o desempenho e reduzir abruptamente a quantidade de processos internos, que são morosos. Para conseguir alguma informação ou dar entrada em um processo administrativo, você ainda precisa ir ao balcão de protocolos de inúmeros órgãos. Isso inclui ficar em uma fila, em meio à pandemia, para conseguir protocolar um papel e sair de lá com uma via carimbada. Seria cômico, se não fosse trágico.
Quem quer, de fato, gerar economia, automatiza sistemas, aloca recursos para investimento de computadores com melhor desempenho e investe em tecnologia.
Para além, existem outras pautas que poderiam contribuir muito na agilidade dos processos, como é o caso da
reforma tributária. Porém, ela foi
completamente picotada para ser votada e sequer está sendo discutida.
Enquanto isso, alguém da área de varejo mal consegue transportar uma encomenda simples, porque precisa emitir para esse mesmo produto, uma série de documentos como Nota Fiscal Eletrônica (NFe), Documento Auxiliar de Nota Fiscal Eletrônica (DANFE), Conhecimento de Transporte Eletrônico (DCTE), Manifesto Eletrônico de Documentos Fiscais (MDFe), Documento Auxiliar de Manifesto Eletrônico de Documentos Fiscais (DAMDFE) e Responsabilidade Civil do Transportador Rodoviário de Cargas (RCTR-C). Esse é apenas um exemplo, mas em diversos seguimentos, a quantidade de documentos pode até triplicar. É isso que deveria estar em discussão nesse momento. São estes fatores que impedem o país de crescer, se desenvolver e desestimulam completamente o empresário.