O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba até o ano passado [fotografo]Pedro de Oliveira/Alep[/fotografo]
O Ministério Público Federal (
MPF) anunciou nesta quarta-feira (3) a dissolução da força-tarefa da
Lava Jato no Paraná, principal braço da operação no país. Criado em 2014, o grupo de procuradores coordenado por
Deltan Dallagnol atuou na maior parte da operação no país e foi responsável pela prisão de nomes como o ex-presidente Lula, o ex-deputado cassado
Eduardo Cunha e o empresário Marcelo Odebrecht.
Desde 1º de fevereiro, parte dos investigadores passaram a integrar o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Federal. Outros foram devolvidos às suas funções de origem e passam a colaborar com a operação de maneira pontual. O
anúncio foi feito em comunicado na manhã de hoje pelo próprio órgão.
Segundo o MPF, a força-tarefa esteve por trás de 79 fases da operação, 1.450 mandados de busca e apreensão, 211 conduções coercitivas, 132 mandados de prisão preventiva e 163 de prisão temporária. 130 denúncias contra 533 acusados foram feitas com provas colhidas durante a operação, gerando 278 condenações de 174 pessoas, em um total de 2.611 anos de pena.
A equipe promoveu 735 pedidos de cooperação internacional - o que ajudou a aumentar o escopo da operação e permitir que outros países também promovessem investigações, como o caso do Peru.Os 209 acordos de cooperação resultaram, segundo o órgão, a devolver R$ 4,3 bilhões aos cofres públicos.
A operação - e seu braço paranaense- vinham em uma escala descendente desde 2019, com a revelação da chamada "Vaza Jato"pelo site The Intercept Brasil. O conteúdo das mensagens apresentadas pelo site, hoje confirmadas pelo Supremo Tribunal Federal (
STF), apontam que os investigadores atuaram em conjunto com o então juiz federal
Sergio Moro, e tinham objetivos políticos com a operação - inclusive o de
retirar Lula das eleições de 2018.
A Lava Jato também é alvo de pressão da classe política contra seu funcionamento - pressão intensificada com o presidente
Jair Bolsonaro e por seu procurador-geral da República,
Augusto Aras. O MPF não se manifestou se outros braços estaduais da Lava Jato, como no Rio de Janeiro, devem ser mantidos.
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